Português em marcha... foi isto que senti estar a acontecer quando ingressei no curso de formação Implentação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico e, por isso, achei apropriado intitular desta forma o blogue que aqui disponibilizo e que tem como objectivo divulgar o trabalho desenvolvido ao longo das sessões, proporcionando um espaço de partilha e reflexão.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sessões de Replicação

 Sessões 1, 2 e 3 - EBI Lagoa

Em relação ao acompanhamento, as docentes Graça Borges e Susana Barrinho, na E.B.I de Lagoa, reuniram-se com o Conselho Executivo, agendaram as sessões de replicação e facultaram atempadamente o Novo Programa de Português, em suporte papel, aos professores convocados (1º Ciclo, incluindo Programa Oportunidade; grupos 200, 210 e 220, do 2º Ciclo. Os docentes do Departamento Especializado de Orientação Pedagógica foram convidados a participar, uma vez que a sua formação base é dos referidos ciclos).


Realizaram-se três sessões de replicação, relativas aos módulos I e II da formação.

A primeira sessão, em 27 de Janeiro, centrou-se na apresentação do contexto, do enquadramento e da estrutura do Programa. Realizaram-se actividades de grupo com os colegas para que contactassem e conhecessem o documento com que irão trabalhar, valorizando a articulação entre ciclos.


A segunda sessão, decorrente em 3 de Fevereiro, debruçou-se sobre a competência do oral (compreensão e expressão). Foi proporcionada a realização de actividades individuais e de grupo, mais uma vez, interciclos.

Na terceira sessão, levada a cabo em 10 de Fevereiro, foram abordadas as competências da escrita e do CEL, com o desenvolvimento de tarefas interciclos. O GIP do CEL foi disponibilizado aos colegas em suporte informático. Referiu-se a questão da anualização, no entanto, e por motivos de horário, pediu-se aos colegas que reflectissem sobre a questão, não se tendo efectuado um exercício prático, aspecto que trabalharemos numa outra oportunidade.

As referidas sessões foram apresentadas com recurso a diapositivos em power point por se considerar que seria a melhor forma de proporcionar a todos um bom acesso visual. Os materiais utilizados foram elaborados com base nos documentos disponibilizados nas sessões de formação e através da análise do Programa e do GIP do CEL.

As dificuldades sentidas no desenvolvimento deste trabalho prendem-se, sobretudo, com a consertação de horários das formandas para elaborar materiais e preparar as sessões de replicação.

Os colegas participaram nas sessões com interesse, apresentando intervenções pertinentes e colocaram dúvidas sobre os manuais escolares vindouros e a implementação da nova terminologia. De realçar a participação de uma docente que se encontra a leccionar Educação Física no 1º Ciclo que, por sua iniciativa, demonstrou interesse em fazer parte do grupo de trabalho sobre a implementação dos novos programas de português, evidenciando que esta é uma área curricular transversal.

Ficou agendada uma próxima replicação para o dia 3 de Março.


4ª sessão de acompanhamento


No dia 3 de Março de 2010 realizou-se, na EBI de Lagoa, a 4ª sessão de replicação do curso de implementação dos Novos Programas de Português para o Ensino Básico, subordinada à competência da leitura. Os docentes dos 1º e 2º ciclos, respectivamente grupos 200, 210 e 220, e Programa Oportunidade foram convocados pelo Conselho Executivo, tendo sido convidados a participar os docentes do Departamento Especializado de Orientação Pedagógica devido à sua formação base.

As formandas Graça Borges e Susana Barrinho organizaram a sessão com recurso a power point, utilizando para o efeito e como base os documentos de apoio disponibilizados na plataforma, bem como o Programa e o respectivo GIP.

A sessão iniciou-se, à semelhança da formação recebida pelas docentes, com a análise de alguns textos, questionando os replicandos sobre as várias formas de os trabalhar nos diversos ciclos. Prosseguindo, as formandas explicitaram informações sobre a competência em foco, explorando o GIP respectivo e os conceitos presentes nos Novos Programas: resultados de estudos PISA; reflexões sobre as práticas de leitura na aula de Português; conceito de leitura; processos de leitura; interacção de factores na leitura; papel do professor no desenvolvimento da leitura; actividades, estratégias e etapas a desenvolver no âmbito da leitura. Foi ainda explorado o assunto da educação literária, evidenciando a mais valia dos textos literários nas aulas de Português, contemplados no Plano Nacional de Leitura, que integrará o recém criado Plano Regional de Leitura, filiado no Currículo Regional, e que foi dado a conhecer aos presentes nos seus fundamentos e âmbitos.

A questão do corpus textual foi novamente abordada, bem como a explicitação dos contextos promotores de leitura nas suas diversas vertentes.

A última parte da sessão prendeu-se com uma nova análise, por parte dos docentes participantes, à forma de trabalhar os textos inicialmente distribuídos, uma vez que haviam já sido explanados os conceitos inerentes à competência da leitura.

Os docentes participaram com interesse, uns acharam que os textos eram adequados, outros opinaram nunca vir a trabalhar os documentos disponibilizados com alunos seus, mas referiram algumas experiências de actividades de leitura levadas a cabo no seu percurso profissional. Foi referido que a competência da leitura é deveras importante, no entanto é igualmente importante que as escolas, nomeadamente as suas bibliotecas, sejam equipadas com as obras necessárias à elaboração do respectivo corpus textual e em número necessário para desenvolver trabalho nas turmas. Evidenciaram ainda alguma preocupação quanto ao tempo a disponibilizar nas suas aulas para uma boa prossecução da implementação de todas as competências referenciadas nos Novos Programas, pelo menos com as indicações presentes. As formandas tentaram tranquilizar os colegas ressalvando o facto de haver ainda tempo para amadurecer conceitos e testar actividades, relembrando que os exercícios de anualização e as vindouras sequências didácticas poderão vir a desvanecer algumas inquietações.



5ª sessão de acompanhamento

A 5ª sessão de replicação ocorreu no dia 17 de Junho de 2010, tendo por base a análise ao GIP da escrita e o conceito de sequência didáctica. O recurso de apresentação utilizado foi, mais uma vez o power point e participaram todos os docentes convocados e convidados, à semelhança das sessões anteriores.

Desta forma, as formandas iniciaram a sessão com uma apresentação da estrutura e dos fundamentos do referido GIP: etapas da escrita; modelos de correcção; concepções; dimensões; contextos promotores do desenvolvimento e aprendizagem da escrita e papel do professor. Foram referidas actividades descritas no documento, exortando os presentes a testar algumas delas com os seus alunos.

Relativamente a este assunto, os docentes referiram, mais uma vez, que o Programa era de carácter ambicioso tendo em conta a realidade com que trabalham e que sentem alguma dificuldade em operacionalizar desta forma as competências explanadas no Programa.

Na 2ª parte desta sessão de replicação foi abordado o tema das sequências didácticas. As formandas optaram por explorar os conceitos inerentes à realização das sequências, tais como competência foco e associadas, etapas, descritores de desempenho, conhecimentos prévios, avaliação. Em suma, apresentou-se o esquema de uma sequência didáctica. Foi explicado um modelo de sequência realizado no módulo IV da formação para que os colegas tivessem a percepção do próprio modelo e da dinâmica de processo para elaboração de tal documento.

Este assunto suscitou, como era de esperar, dúvidas por parte dos docentes, algumas pertinentes, tais como a dificuldade em estabelecer conhecimentos prévios apenas para a competência foco ou também para as associadas ; como obter os conhecimentos prévios, ou ainda, como operacionalizar as sequências no 1º Ciclo, tendo em conta as diversas áreas com linguagens diferentes. Nem sempre as formandas souberam responder concretamente às dúvidas colocadas, uma vez que também ainda se encontram em processo de formação, tendo dado precisamente tal indicação. Ressalvaram uma vez mais que a formação continuará no próximo ano lectivo e que, por esse motivo, optariam por não pedir aos colegas um trabalho prático de sequência didáctica nesta sessão, quer pelo período do ano lectivo, quer pela necessidade de se amadurecer conceitos. Deixaram em aberto a possibilidade de algum ou alguns docentes poderem experimentar o exercício, caso lhes aprouvesse, e evidenciaram o facto de não haver um modelo estático do documento, cada um deveria adaptá-lo à sua realidade.

Devemos referenciar que os docentes fizeram um balanço da pertinência das sessões de replicação, tendo alguns considerado que, nos moldes actuais, são pouco profícuas, uma vez que não vêem as suas dúvidas totalmente esclarecidas. Neste âmbito, as formandas voltaram a referir que há ainda muito caminho a percorrer, aprendizagens e amadurecimentos a fazer, pelo que no início do próximo ano lectivo se voltará a abordar os conceitos inerentes aos Novos Programas e que, até lá, cada um deveria fazer trabalho autónomo de enriquecimento. Outros docentes concluíram que as replicações foram importantes para dar um conhecimento geral do pretendido pelos Novos Programas de Português e concordaram com o facto de haver mais um ano de trabalho sobre o tema.

Não haverá sessões de replicação em Julho por uma questão de agenda de trabalho já elaborada e distribuída.

Consideramos ter cumprido o nosso dever, com a intenção de proporcionar informação pertinente e troca de experiências entre pessoas e ciclos de ensino, por forma a optimizar a implementação destes Novos Programas de Português.

Reflexão 2ª sessão (12 e 13 de Novembro)

Respeitante à 2ª sessão da formação, importa referir que foi iniciada com a partilha de experiências sobre o trabalho até então desenvolvido, altura enriquecedora em que expusémos as nossas dúvidas, nos lamentámos e nos congratulámos, de uma forma ou de outra, por um ou por outro motivo.
Nestes dois dias abordámos as competências do Conhecimento Explícito da Língua e da Escrita, realizando trabalhos em pequeno grupo, sempre interciclos, com apresentação em plenário.
Concernente ao Conhecimento Explícito da Língua, e após termos observado os resultados de um estudo da DGDIDC, mais uma vez, senti que revia ali as minhas práticas, senti que aquilo acontecia comigo, na minha profissão e no meu desempenho. Leccionar conteúdos de CEL carece, não só da explicação de regras, da sua exemplificação, aplicação e treino; não só de ser abordados a partir de actividades de leitura e escrita, mas sim de os integrar e interligar com todas as outras competências para que os alunos não sintam que cada conteúdo é uma parte que se "arruma em gavetas separadas". Assim, revela-se importante aferir que conhecimentos linguísticos têm os alunos; programar e planificar o trabalho com base nesses conhecimentos e com vista a que os discentes consigam mais tarde aplicá-los noutras competências.
O trabalho realizado na sessão sobre as dificuldades dos alunos e dos professores; o tipo de trabalho e os instrumentos de apoio usados, bem como propostas para superação das dificuldades sobre o CEL, levou-me a reflectir sobre a minha prática e, apesar das planificações por mim elaboradas serem sequenciais e resultarem de forma positiva quando transpostas para as aulas, apercebi-me que também o faço por conteúdos, embora julgue estar a enquadrá-los, mas quase sempre a partir de uma actividade de leitura e escrita. Percebi que há um longo caminho a percorrer para aperfeiçoar aquilo que tento transmitir aos meus alunos e que, quando penso estar a fazer o melhor para eles, se calhar, preciso repensar e partir deles e do que eles conhecem.
No decorrer deste dia, chegámos a um ponto que me suscita algumas dúvidas: a anualização do CEL. Seguindo um exemplo, tentámos, em grupo, fazer um exercício de anualização de um conteúdo, tendo sempre em atenção a progressão e a complexificação exigidas por momentos ou ciclos. Foi algo um pouco difícil de realizar, são muitos, mas lá conseguimos esquematizar o trabalho e atender ao que nos era pedido. Confunde-me o facto de, já em tempo de operacionalização, em departamento, termos de proceder à anualização de todos os conteúdos do CEL: como vamos fazer? Podemos fazer uma anualização geral, a nível de Departamento, ou cada professor deve elaborar a sua e adequar às especificidades de cada turma? Ainda me sinto um pouco "perdida", mas com o tempo lá chegarei...
No 2º dia desta sessão de formação, lançámo-nos aos desafios da escrita e constatei que escrever é realmente uma actividade complexa que pressupõe a execução de várias etapas: pré escrita; planificação; textualização; revisão. Só desta forma o professor conseguirá bons resultados na escrita dos seus alunos, mas isto requer treino e, sobretudo tempo, que nós, muitas vezes, sentimos não ter.
Analisámos algumas propostas de escrita, em pequeno grupo, actividade bastante enriquecedora, uma vez que deveríamos criticar os documentos retirados de manuais dos três ciclos de ensino, que por nós podiam ser utilizados, proporcionando, mais uma vez, a articulação e a partilha de experiências. Todos os grupos apresentaram as suas conclusões, tendo-se concluido que afinal são poucas as actividades de escrita que apelam às etapas necessárias descritas. Uma oficina de escrita na escola faz falta!
Terminámos esta sessão abordando os eixos da compreensão oral.
Desta 2ª sessão realço a importância que é dada ao CEL, reconhcendo-o como competência nuclear, apostada no conhecimento implícito que os alunos têm da língua, mas que, repetidamente, nem dão por ele e cabe-nos a nós, profesores, fazer com que eles explicitem aquilo que já detêm, aperfeiçoando-o, e promover estratégias para a sua aplicação nas demais competências.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Reflexão da 1ª sessão

Fiquei entusiasmada e interessada ao saber que ia frequentar a formação sobre Implementação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico, pois vinha aí uma, mais uma, novidade e era preciso estar preparada para tal.
Na 1ª sessão de trabalho, realizada a 1 e 2 de Outubro de 2009, e após as apresentações oficiais e necessárias, iniciámos o percurso de trabalho sobre o programa: falou-se do enquadramento geral do curso; dos fundamentos e conceitos chave do programa; do contexto em que o mesmo se formou, com conhecimento de resultados de estudos efectuados com base nas dificuldades dos alunos, dos professores e do próprio sistema (PISA e IELP), bem como das recomendações surtidas da Conferência Internacional sobre o Ensino do Português.
Confesso que nesta fase, os olhos já se me tinham arregalado algumas vezes e o pensamento já voava para cenários do género "onde é que estou metida?", mas olhava à volta e pressentia o mesmo nos outros, pelo que pensei "não há-de ser nada...".
Entrámos, então, na exploração do programa propriamente dito e naquilo que mais se destaca nele: compreensão e expressão oral. A formadora, muito expressiva e com vontade de "espicaçar" o público, apresentou um excerto de uma afirmação de José Saramago, polémica, ao seu bom jeito: «(...)em rigor, a escola, que tão mal ensina a escrever, não ensina, de todo, a falar.(...)». Ora, quando li estas e as restantes palavras que aqui não transcrevi, pensei logo que não era justo...então nós, que tanto nos esforçamos por ensinar os alunos a falar correctamente, que os corrigimos na sua oralidade constantemente, somos postos em causa por este senhor (grande, mas não dos meus favoritos) que nem conhece a nossa realidade? Pois bem, a formadora conseguiu a nossa atenção e a participação foi acesa e produtiva.
Avançámos e conhecemos um pouco dos que foi a oralidade para a escola ao longo dos tempos; percebemos que, afinal, embora, na minha opinião, não tão radical como o afirmara Saramago, havia problemas neste plano: o professor ocupa grande parte do espaço da aula com a sua oralidade e os alunos apenas participam quando lhes é dada oportunidade. Retive esta informação porque "também eu faço isto...", dei-me conta. No seguimento deste tema, o grupo presente partilhou experiências, momento sempre enriquecedor, e apercebi-me de que ainda sentimos dificuldade em avaliar a competência do oral, há falta de instrumentos, de materiais e, por isso, muitas vezes centramo-nos mais nas outras, menos subjectivas, talvez.
Ao longo da sessão formaram-se grupos de trabalho com professores dos vários ciclos, realizaram-se actividades para manuseamento e conhecimento do programa, quanto a mim, profícuas. Findos os trabalhos, espaço houve para as apresentações das conclusões e todos os grupos deram a sua contribuição para, mais uma vez, se partilharem experiências e opiniões.
No final da sessão, e depois de uma boa análise ao programa, aquilo que mais me agradou foi o facto da organização do documento apontar para uma articulação interciclos, que muita falta faz, em meu entender, com gradual complexificação dos conteúdos; também a já referida insistência na competência do oral, nunca por si só, mas sempre interligada com outras competências; o apontar para as vantagens do uso das TIC, no sentido de proporcionar aos alunos mais e melhores recursos e, muito importante, a possibilidade do professor compor o seu corpus textual, adequado à realidade e especificidade dos seus alunos, aspecto que tantas vezes é condicionado pela existência de uma lista de obras literárias obrigatórias e pouco extensivas.
Muito bem preparada a sessão, os nossos formadores proporcionaram-nos o conhecimento da plataforma Moddle (conhecia, mas não dominava), na qual iríamos trabalhar a partir daqui. Suscitou algumas dúvidas, mas como bons profissionais que somos, conseguiremos conquistar mais esta etapa. Pontos positivos: aprendemos mais qualquer coisa vantajosa das TIC e será um bom recurso para as tarefas que teremos de efectuar.
Em jeito de conclusão, apesar de me sentir um pouco alarmada com a quantidade de trabalho vindouro, gostei da sessão, considero ter havido uma boa abordagem dos assuntos e de lá saí com ideias para aplicar nas turmas. Não obstante, julgo ser um programa algo ambicioso tendo em conta a nossa realidade, não pelas novidades apresentadas, pois sei que vão ser atingidas e conseguidas dentro do possível, mas pela forma como se pretende a preparação, planificação e aplicação das diversas competências.
Agora resta-nos trabalhar no que já temos, naquilo que ainda por aí vem e tudo se há-de conseguir, com esforço e preserverança, pois "Aprender a ser professor é uma viagem longa e complexa, repleta de desafios e emoções" (Richard I. Arends, in Aprender a Ensinar).