Português em marcha... foi isto que senti estar a acontecer quando ingressei no curso de formação Implentação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico e, por isso, achei apropriado intitular desta forma o blogue que aqui disponibilizo e que tem como objectivo divulgar o trabalho desenvolvido ao longo das sessões, proporcionando um espaço de partilha e reflexão.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Reflexão da 1ª sessão

Fiquei entusiasmada e interessada ao saber que ia frequentar a formação sobre Implementação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico, pois vinha aí uma, mais uma, novidade e era preciso estar preparada para tal.
Na 1ª sessão de trabalho, realizada a 1 e 2 de Outubro de 2009, e após as apresentações oficiais e necessárias, iniciámos o percurso de trabalho sobre o programa: falou-se do enquadramento geral do curso; dos fundamentos e conceitos chave do programa; do contexto em que o mesmo se formou, com conhecimento de resultados de estudos efectuados com base nas dificuldades dos alunos, dos professores e do próprio sistema (PISA e IELP), bem como das recomendações surtidas da Conferência Internacional sobre o Ensino do Português.
Confesso que nesta fase, os olhos já se me tinham arregalado algumas vezes e o pensamento já voava para cenários do género "onde é que estou metida?", mas olhava à volta e pressentia o mesmo nos outros, pelo que pensei "não há-de ser nada...".
Entrámos, então, na exploração do programa propriamente dito e naquilo que mais se destaca nele: compreensão e expressão oral. A formadora, muito expressiva e com vontade de "espicaçar" o público, apresentou um excerto de uma afirmação de José Saramago, polémica, ao seu bom jeito: «(...)em rigor, a escola, que tão mal ensina a escrever, não ensina, de todo, a falar.(...)». Ora, quando li estas e as restantes palavras que aqui não transcrevi, pensei logo que não era justo...então nós, que tanto nos esforçamos por ensinar os alunos a falar correctamente, que os corrigimos na sua oralidade constantemente, somos postos em causa por este senhor (grande, mas não dos meus favoritos) que nem conhece a nossa realidade? Pois bem, a formadora conseguiu a nossa atenção e a participação foi acesa e produtiva.
Avançámos e conhecemos um pouco dos que foi a oralidade para a escola ao longo dos tempos; percebemos que, afinal, embora, na minha opinião, não tão radical como o afirmara Saramago, havia problemas neste plano: o professor ocupa grande parte do espaço da aula com a sua oralidade e os alunos apenas participam quando lhes é dada oportunidade. Retive esta informação porque "também eu faço isto...", dei-me conta. No seguimento deste tema, o grupo presente partilhou experiências, momento sempre enriquecedor, e apercebi-me de que ainda sentimos dificuldade em avaliar a competência do oral, há falta de instrumentos, de materiais e, por isso, muitas vezes centramo-nos mais nas outras, menos subjectivas, talvez.
Ao longo da sessão formaram-se grupos de trabalho com professores dos vários ciclos, realizaram-se actividades para manuseamento e conhecimento do programa, quanto a mim, profícuas. Findos os trabalhos, espaço houve para as apresentações das conclusões e todos os grupos deram a sua contribuição para, mais uma vez, se partilharem experiências e opiniões.
No final da sessão, e depois de uma boa análise ao programa, aquilo que mais me agradou foi o facto da organização do documento apontar para uma articulação interciclos, que muita falta faz, em meu entender, com gradual complexificação dos conteúdos; também a já referida insistência na competência do oral, nunca por si só, mas sempre interligada com outras competências; o apontar para as vantagens do uso das TIC, no sentido de proporcionar aos alunos mais e melhores recursos e, muito importante, a possibilidade do professor compor o seu corpus textual, adequado à realidade e especificidade dos seus alunos, aspecto que tantas vezes é condicionado pela existência de uma lista de obras literárias obrigatórias e pouco extensivas.
Muito bem preparada a sessão, os nossos formadores proporcionaram-nos o conhecimento da plataforma Moddle (conhecia, mas não dominava), na qual iríamos trabalhar a partir daqui. Suscitou algumas dúvidas, mas como bons profissionais que somos, conseguiremos conquistar mais esta etapa. Pontos positivos: aprendemos mais qualquer coisa vantajosa das TIC e será um bom recurso para as tarefas que teremos de efectuar.
Em jeito de conclusão, apesar de me sentir um pouco alarmada com a quantidade de trabalho vindouro, gostei da sessão, considero ter havido uma boa abordagem dos assuntos e de lá saí com ideias para aplicar nas turmas. Não obstante, julgo ser um programa algo ambicioso tendo em conta a nossa realidade, não pelas novidades apresentadas, pois sei que vão ser atingidas e conseguidas dentro do possível, mas pela forma como se pretende a preparação, planificação e aplicação das diversas competências.
Agora resta-nos trabalhar no que já temos, naquilo que ainda por aí vem e tudo se há-de conseguir, com esforço e preserverança, pois "Aprender a ser professor é uma viagem longa e complexa, repleta de desafios e emoções" (Richard I. Arends, in Aprender a Ensinar).

1 comentário:

  1. Fiquei intrigado em como foi possível demonstrar entusiasmo perante tal empreendimento...mas é possível! Contudo gostei do lema "com esforço e preserverança"... acho que é a mesma moral da Lebre e da Tartaruga, só falta saber com qual delas se identifica este programa! Força!

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