Português em marcha... foi isto que senti estar a acontecer quando ingressei no curso de formação Implentação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico e, por isso, achei apropriado intitular desta forma o blogue que aqui disponibilizo e que tem como objectivo divulgar o trabalho desenvolvido ao longo das sessões, proporcionando um espaço de partilha e reflexão.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Reflexão 3º Módulo

11 de Fevereiro – 1ª sessão


Nesta sessão foi abordada a competência da leitura, sobre a qual estava expectante, uma vez que me é uma actividade prazerosa e o mesmo sinto quando proporciono leituras aos meus alunos, embora com muito menos frequência e qualidade do que seria desejado, confesso.

Muito bem preparada a apresentação, senti que aquele tempo não era suficiente para abordar tal competência com a profundidade necessária, mas despertou-me para aquilo que realmente faço aquando de um momento de leitura na sala de aula. Normalmente, toda uma aula de Português se desenvolve em torno e a partir da leitura de um determinado tipo de texto, mas verdade seja dita que são poucas as vezes que cumpro todas as fases do processo, principalmente a da pré-leitura. Não é que delas não tivesse já conhecimento e que não as tivesse aplicado até no estágio, mas criam-se vícios (péssimos…) e passa-se por cima, não tomando consciência de que qualquer uma das fases do processo de leitura se revela de extrema importância para os alunos. Desta forma, percebi que tenho necessidade de rever as minhas práticas nesta competência em contexto de sala de aula, embora incentive bastante os alunos para a leitura de obras integrais, adequadas à sua faixa etária e com algum nível de complexidade. Pergunto-me: porque será que nem sempre consigo fazer com que os alunos tenham o mesmo gosto pela leitura do que eu? Será falta de motivação da minha parte? Será que não transporto para a sala a tipologia textual mais interessante? Tudo isto é possível, por isso, espera-me um trabalho mais aprofundado para e com os meus alunos. Não obstante, creio que existe um outro problema, quanto a mim, grave, e que diz respeito à sociedade em geral: temos cada vez menos pessoas com vontade de ler! Os pais dos alunos, muitas vezes, não têm paciência para se sentarem com os filhos a ler, ou para comprar livros e criar uma biblioteca em casa; outros há que até têm o gosto, mas não têm as possibilidades, sobretudo a nível económico, e assim se cria um fraco hábito de literacia, tão importante na construção do saber e do ser. Provoca-me alguma confusão a dissociação de algumas famílias no incutir desta competência, pois como diz Daniel Sampaio «A investigação tem demonstrado a possibilidade de a leitura ampliar as capacidades do cérebro, criando diferentes perspectivas de interpretação da realidade e novas competências no manejo das emoções, contribuindo para a melhor compreensão da complexidade do mundo. Especialistas defendem que o que importa é que a criança leia, sobretudo textos que a mobilizem e não se afigurem desconexos em termos de espaço e tempo, o que poderá levar ao abandono do livro. Por isso, o interesse de uma criança ou de um adolescente por qualquer tema deverá ser incentivado, porque estará a contribuir para o ganho de hábitos de leitura, que só se poderão consolidar nas idades jovens. Costuma dizer-se que se pode ler um livro a uma criança desde muito cedo, na prática deve seguir-se o conselho de segurar a criança ao colo e com a mão disponível ler-lhe um episódio qualquer que o faça sonhar: não importa, a princípio, se é ou não um texto de muito valor literário». A escola é o meio mais directo para colmatar, pelo menos, uma parte deste problema, mas debatemo-nos com outras questões: quando nos foi pedido, na sessão de formação, que elaborássemos um plano anual de leituras para uma turma, achei difícil, pois um trabalho daquela natureza implica conhecimento prévio de uma vasta quantidade de obras que, confesso, não domino totalmente e, por outro lado, como se vai proporcionar aos alunos o acesso a essas obras seleccionadas? Sabemos bem que as bibliotecas das nossas escolas não estão devidamente apetrechadas, quer em qualidade, quer em quantidade, e que os manuais nem sempre nos oferecem a possibilidade de leituras integrais, o que implica um esforço ainda maior por parte dos docentes no concertar de estratégias para promover da melhor forma a competência da leitura nos alunos, mas “Na construção de nosso conhecimento, os livros são os tijolos e os professores são os pedreiros.” ( Jonathan Fonseca Fogo)

Grande é o caminho ainda a percorrer…

Depois desta sessão de formação, debrucei-me sobre o GIP da leitura e fiquei entusiasmada , e até mais esclarecida, com algumas actividades nele propostas e sobre o rumo que deveria tomar a partir daqui, mas tenho consciência de que o trabalho a realizar será de grande exigência para o professor em termos de preparação e planificação. Debati-me, mais uma vez, com a possibilidade de, se quiser levar isto à regra, o trabalho vai ser árduo porque tenho algum receio de não conseguir cumprir a planificação.

Uma mais valia do Programa de Português é a sua ligação ao Plano Nacional de Leitura e, claro, a co-relação com o Plano Regional de Leitura, pois penso que apoia os professores, mas não os limita. Normalmente, eu costumo chamar a atenção dos meus alunos para a aquisição de livros com o símbolo do PNL e, aqueles que o fazem, já demonstram essa preocupação e fazem questão de mo mostrar. Pena que sejam ainda poucos os que adquirem livros por iniciativa própria… Vou continuar a lutar por isso.

Muito interessante, o facto do Programa permitir a leitura de diversos textos, não só os literários, mas também os não literários que, porventura, podem ser mais próximos aos alunos e motivá-los para outras tipologias mais complexas.

Não sei se conseguirei pôr em prática algumas das propostas, porque, quer queiramos, quer não, também depende em boa parte dos alunos e da sua vontade. No que me compete, comprometo-me a fazer o melhor possível e em prol de boas leituras dos e para os alunos, levando-os por “(…) um mar de sentimentos e emoções presentes no nosso mundo real e imaginário, no qual precisamos mergulhar de cabeça para descobrir um infinito de coisas...” (Rivaldo Rocha).



12 de Fevereiro – 2ª sessão

Nesta segunda sessão, foi dado enfoque à elaboração de uma sequência didáctica. No início, tudo parecia encaixar e de fácil concepção, mas quando passámos ao trabalho em pequenos grupos, a realidade foi bem diferente. Traz-me alguma preocupação a elaboração destes documentos para a implementação do Novo Programa, embora agora tenhamos mais tempo para amadurecer ideias e práticas com o adiamento dessa mesma implementação.

Apesar das dificuldades, considero ser um trabalho necessário e proveitoso, sobretudo para os alunos, mas também para o professor, uma vez que uma sequência didáctica nos dá uma visão mais profunda do trabalho que precisamos realizar com os discentes.

O modelo de sequência didáctica apresentado, quanto a mim, é interessante, mas senti necessidade de o reformular, de o adaptar de forma a que me fizesse mais sentido. Na minha prática docente não tenho vindo a utilizar este tipo de planificação, mas tenho consciência da sua importância e até já trabalhei nestes moldes quando orientei estágio. A associação da competência foco a outras elucida-nos quanto à importância da integração das várias competências numa aula ou numa sequência, proporcionando aos alunos uma aprendizagem mais articulada e com maior sentido, uma vez que deve fazer a tão imprescindível diagnose à turma para um acompanhamento e trabalho mais profícuos.

Certamente irei esforçar-me por aprender a sequencializar, assim como a anualizar, pois faz parte da nossa capacidade e competência profissional, mas muito trabalho nos espera, disso estou certa.

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