Português em marcha... foi isto que senti estar a acontecer quando ingressei no curso de formação Implentação do Novo Programa de Português para o Ensino Básico e, por isso, achei apropriado intitular desta forma o blogue que aqui disponibilizo e que tem como objectivo divulgar o trabalho desenvolvido ao longo das sessões, proporcionando um espaço de partilha e reflexão.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Reflexão módulo IV

"Antes de escrever, portanto, aprendei a pensar." (Nicolas Boileau)

Decorreu, nos dias 27 e 28 de Maio de 2010, o último módulo do curso de implementação dos Novos Programas de Português para o Ensino Básico, incidindo em dois momentos distintos: GIP da escrita e Sequências didácticas.

O GIP da escrita vem apenas confirmar aquilo que já se encontrava expresso no NPPEB: a escrita é um processo que se treina e é feito por etapas em que o professor não é o “carrasco”, mas o “companheiro” durante a sua prossecução. É difícil escrever um texto, os nossos alunos evidenciam bem essa dificuldade, e para o professor é realmente difícil corrigir um texto, eu acho, e depois de ver a entrevista de Lobo Antunes, fiquei ainda com mais certezas. A escrita é um processo criativo, muitas vezes o professor nem liga a isso, remete-se apenas à ortografia, coerência, estrutura… Encontrei uma frase que me fez reflectir sobre o que muitas vezes tive vontade de fazer enquanto aluna e os meus professores me “castraram” e, por isso, se calhar, copiei o modelo deles, ainda que nem sempre seja o mais correcto, agora percebo e, ao transmiti-lo aos meus alunos posso estar a fazer o mesmo. A frase levou-me a pensar que às vezes, enquanto professores, consideramos um texto incipiente, mas provavelmente até não é, pode depender da intenção de escrita do aluno enquanto pessoa envolvida num determinado contexto em que desenvolveu aquele nível de criatividade: «Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança. » (Ernest Hemingway).



Pensar em acompanhar o processo de escrita de todos os alunos de uma turma ao mesmo tempo é ainda uma ideia que tenho que amadurecer. Como se faz? Se não for com etapas e actividades bem geridas penso que pode causar problemas na aula, mas hei-de testar isso, pois até hoje revi-me completamente nos comportamentos dos docentes evidenciados na sessão de formação: eu risco, faço comentários, corrijo por cima, enfim, pratico aquilo que a maior parte, com certeza, faz e nem nos damos conta do erro que estamos a cometer, podemos até fazer o aluno perder o gosto pelo acto de escrever. Bem, sei que não quero continuar a fazer parte deste rol, por isso vou esforçar-me por desenvolver com os meus alunos o processo da escrita em todas as suas etapas, de carácter tão importante na aprendizagem da competência da escrita por parte dos alunos. As actividades presentes no GIP deverão ajudar-nos a conseguir melhores resultados, assim esperamos.

Falemos de sequências didácticas, essas benditas que teimam em fazer-se difíceis na nossa cabeça. Nesta sessão de formação, os formadores clarificaram conceitos que nos serão úteis para a elaboração das sequências, muito obrigado. Ao analisarmos um exemplo de sequência didáctica, conseguimos já detectar algumas falhas, mas também mais valias e assim percebemos melhor o que teremos que fazer, denotando aqui , ainda que, para mim, de forma básica, um conhecimento superior em relação à primeira vez em que mexi com uma sequência didáctica.

Ficou bem demarcado que uma sequência didáctica não parte dos conteúdos ou de um tema, embora eu achasse que me seria mais fácil a partir daí, mas agora encaro esta planificação com outro olhar e outro pensamento: os descritores de desempenho são o ponto de partida, devendo diagnosticar-se os conhecimentos prévios dos alunos, articulando competências com conteúdos. Em cada sequência didáctica os alunos desenvolvem uma competência, a foco, no entanto, não podemos descurar as outras, que entram ao serviço daquela, trabalhando sempre todas as competências numa sequência didáctica. A aprendizagem dos alunos é um todo, o NPPEB prevê a distribuição equitativa das competências por ano e por ciclo, pelo que, quando se faz um exercício de anualização, isso deverá ser tido em conta. Já fui referindo aos meus colegas e repetindo para mim própria que não é possível fazer uma sequência anual, como anteriormente fazíamos, teremos que elaborar tantas quantas necessitarmos, encadeadas e que preconizem a aquisição de todas as competências previstas para os alunos de determinado ano ou ciclo.

Nesta sessão, foi evidenciado um novo conceito: o de elaborar sequências didácticas por etapas. Estas poderão, e vão, no meu entender, auxiliar no desenvolvimento das competências atribuídas a cada sequência. Deverão promover experiências de significativas para os discentes, seguindo a ideia de progressão e de complexificação descrita no Programa. É um trabalho que deve ser muito consciente, pois a articulação de todos os factores é imprescindível.

Claro, ainda há a parte da avaliação, bicho de sete cabeças também, mas já ficou entendido que deve ser processual e final, em partes distintas.

Quem já passou pela experiência de elaborar uma sequência didáctica sabe que não é um trabalho fácil, que exige muito de nós, mas é de realçar que o facto de ter podido, na formação, rever a primeira que foi elaborada, me permitiu melhorar alguns aspectos que ficaram mais esclarecidos e, ponto assente, fazendo é que se aprende e se melhora. Claro que ainda tem erros, mas ainda tenho mais um ano para trabalhar sobre este e outros aspectos e espero melhorar e ser capaz de fazer sequências profícuas para a aprendizagem dos meus alunos.

Tenho que confessar que me faz ainda confusão sequencializar para turmas diferentes, com realidades e conhecimentos prévios individuais, mas considero ser um documento importante e de melhoria para o ensino e para a aprendizagem do Português, que vai obrigar o professor a ter um bom conhecimento do Programa, aliás, julgo até não conseguir fazer sequências sem o Programa por perto. Sinto, efectivamente, dificuldades em elaborar uma sequência didáctica, preciso de mais tempo, de partilha de experiências, de cabeças iluminadas e de mentes que não travem o processo, sem dúvida.

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